URGENTE: Apoio Financeiro ao VOTO SIM: VER AQUI COMO CONTRIBUIR

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Vozes pelo SIM: Jorge Neto


OBVIAMENTE VOTO SIM
In Público, 9 de Fevereiro de 2007

Sou católico.
Sou a favor da vida.
Sou contra o aborto.
Mas voto sim à despenalização da interrupção voluntária da gravidez, desde que realizada até às 10 semanas, por opção da mulher e em estabelecimento de saúde legalmente autorizado.
Voto sim porque me choca e arrepia o ferrete ignominioso com que são socialmente estigmatizadas as mulheres que, contra sua vontade, têm de recorrer ao aborto feito à socapa.
Voto sim porque sou contra a humilhação, o vexame e a defenestração da mulher que subjazem a um ignóbil processo-crime que atenta contra o mais elementar bom senso de protecção da sua dignidade, da sua personalidade e da sua liberdade.
Voto sim porque recuso a hipocrisia cúmplice da manutenção do status quo em que sob o manto diáfano e quimérico das inauferíveis políticas públicas do planeamento familiar, do apoio à maternidade e da educação sexual se pretende perpetuar o aborto clandestino.
Voto sim porque sou contra a discriminação negativa das mulheres mais pobres, mais carenciadas e mais vulneráveis, incapazes por razões económicas de fazerem um aborto em Espanha e como tal sujeitas à provação infame dos abortos selvagens realizados em vãos de escada.
Voto sim porque despenalizar a interrupção voluntária da gravidez até às dez semanas, nas condições e termos expressos na pergunta objecto do referendo, traduz o ponto de Arquimedes mais razoável, prudente e avisado entre os dois interesses em conflito, o da grávida e o do nascituro numa fase embrionária da gestação, não esquecendo nunca que os interesses deste só no interior e por intermédio daquela podem ser satisfeitos.
Voto sim porque despenalizar não significa liberalizar, uma vez que a despenalização fica condicionada a um prazo e à realização do aborto em estabelecimento de saúde legalmente autorizado.
Voto sim porque quero colocar Portugal na rota de convergência com o estado da arte europeu nesta matéria, mandando às urtigas uma penalização caduca, obsoleta e retrógrada.
Militantemente, empenhadamente e inapelávelmente, voto sim no referendo do próximo dia 11 de Fevereiro. Sem ademanes. Sem ditirambos. Sem genuflexões.
Sim.
Obviamente.