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quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

VOTO SIM no Porto

Movimento Voto Sim apresentado no Porto
Ana Cristina Pereira, in Público, 10 de Janeiro de 2007

Francisco de Assis (PS) atrasou-se. Mas Teixeira Lopes (BE) e Rui Rio (PSD) chegaram a tempo de posar, longamente, para a fotografia. O Movimento Voto Sim, que anteontem foi apresentado no Porto, conseguiu juntar os cabeças-de-lista à câmara municipal nas últimas autárquicas, com excepção de Rui Sá (CDU), que integrará um movimento liderado pelo PCP.Ninguém diria, ao ver a profusão de sorrisos trocados no auditório da biblioteca Almeida Garrett, que o "retrato" correu o risco de sair borrado - Teixeira Lopes repudiou publicamente o convite endereçado pelos mandatários do movimento a Rui Rio. "Por muito diferentes que sejamos, e somos, esta é uma causa superior", emendou o ex-deputado bloquista.O Voto Sim, que hoje será formalizado na Comissão Nacional de Eleições, surgiu no seio de deputados de "todos" os partidos representados na Assembleia da República, "menos o CDS/PP", recordou Manuela Melo (PS). Apesar das divergências políticas. Na certeza de que o aborto é uma questão de "consciência individual". Esta "não é uma luta entre os que são a favor da vida e os que são contra a vida; não é contraditório ser a favor da vida e a favor da despenalização", discursou Manuela Melo, fazendo, de imediato, a apologia do direito da criança a ser desejada. "Queremos mais bebés desejados ou, se não esperados, aceites." Não era preciso ir muito longe para encontrar quem lhe repetisse o discurso. Rui Rio, por exemplo, preferia não nascer a ser uma criança indesejada, anunciou aos jornalistas, já no final da sessão. E este é, na sua opinião, o argumento mais forte pró-despenalização da interrupção voluntária da gravidez. "Não está em discussão o início da vida humana", vincou Manuel Pizarro (PS), ao desmontar a sua posição, enquanto "português, médico e político". Defendendo que a despenalização promoverá uma aproximação ao Serviço Nacional de Saúde, insinuou haver adeptos do "não" a divulgarem estimativas excessivas sobre o número anual de abortos praticados em Portugal, para inflacionarem os eventuais custos. Alda Macedo (BE) também focou várias "fragilidades" dos seus adversários: "Eles [os adeptos do "não"] têm uma dificuldade enorme em explicar por que é que uma mulher que pratica um aborto até às dez semanas tem de ser submetida a uma pena de prisão."O fecho coube a Jorge Neto (PSD), que quis desfazer a ideia de liberalização. Abrir a porta à prática do aborto até às dez semanas em estabelecimento de saúde autorizado "é diferente de liberalizar". Liberalizar "quer dizer que o aborto se pode fazer em qualquer lado".